Políticas De Incentivo Ao Acesso Ao Ensino Superior Público No Brasil: Conquistas E Desafios

 

Authors
de Oliveira Sá, Thiago Antônio
Format
Article
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Pelo seu número limitado, por sua reputação de maior qualidade e pela gratuidade, as instituições federais sempre foram caracterizadas pela restrição e, por isso, historicamente ocupadas pelas classes médias e elites nacionais. Contudo, uma série de políticas educacionais para o ensino superior brasileiro público e privado foi implantada ao longo do século XXI com o intuito de se expandir as oportunidades e diminuir as desigualdades de acesso a ele. O objetivo deste artigo foi apontar, especificamente no caso das universidades públicas federais, as conquistas proporcionadas por tais políticas, bem como os desafios que subsistem a uma democratização plena das oportunidades. Analisaram-se as estatísticas oficiais do ensino superior público federal de 1995 a 2014, observando-se a evolução do número de ingressantes, matriculados, concluintes e evadidos. Examinaram-se também os resultados de artigos atuais sobre a distribuição dos estudantes pelos cursos das universidades federais brasileiras no século XXI. Os resultados indicam avanços: aumento significativo do número de cursos, matrículas e concluintes e diversificação do corpo discente, em função do ingresso dos “novos estudantes”. Contudo, subsistem desafios: o acesso de novos grupos sociais às instituições federais sofre uma forte segmentação interna conforme a condição socioeconômica dos estudantes; boa parte dos novos estudantes “escolhe” seus cursos conforme suas chances reais de aprovação e não de acordo com suas reais aspirações; a vivência universitária é diferenciada: alguns estudantes têm uma afiliação acadêmica precarizada, parcial, em função de dificuldades culturais e da necessidade de conciliar trabalho e estudos; algumas carreiras, apesar de todas as políticas de inclusão, seguem impermeáveis aos novos estudantes e; enfim, o ingresso massivo se faz acompanhar de altas taxas de evasão, o que faz com que a proporção de ingressantes não siga a de concluintes. Conclui-se que, no caso do Brasil, ainda é cedo para falar em democratização. Pode-se dizer, sim, que houve um processo de grande abertura de vagas rumo a uma futura massificação. Mas a inclusão observada até aqui é socialmente determinada: alguns segmentos não se afiliam adequadamente e não ingressam nas carreiras realmente pretendidas. Além disso, as taxas de evasão impedem que o volume de concluintes siga aumentando. A expansão do número de vagas não significa a permanência nelas e nem a ocupação igualitária dos cursos. Assim, o que se tem, até agora, é um caso de inclusão excludente, que reproduz o caráter historicamente estabelecido de exclusivismo das universidades federais brasileiras.

Publication Year
2016
Language
spa
Topic
Políticas Educacionais, Ensino Superior, Ampliação do Acesso, Permanência, Evasão.
Repository
RI de Documento Digitales de Acceso Abierto de la UTP
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